Uma manhã em Creys

, c. 1863

Alfredo de Andrade

Óleo sobre tela
58 × 100 cm
assinado
Inv. 52
Historial
Oferta do autor, como Académico de Mérito da Academia Real de Belas-Artes em 1863, com o título original Lo Stagno di La Levat, Creys. Realizado numa estada no Delfinado, França, no Verão desse ano (Costa, 1997). Integrado no MNAC em 1912.

Exposições
Porto, 1865, 1391; Lisboa, 1868, 60; Lisboa, 1872, 60; Lisboa, 1883, 603; Lisboa, 1913, 52; Lisboa, 1946; Lisboa, 1950; Lisboa, 1951; Paris, 1987, 98, p.b.; Lisboa, 1988, 98, p.b.; Queluz, 1989, 9; Lisboa, 2002; Lisboa, 2005; Lisboa, 2006; Lisboa, 2008; Lisboa, 2010.

Bibliografia
Catalogo provisorio da Galeria Nacional de Pintura existente na Academia Real das Bellas-Artes de Lisboa, 1872, 60; Pintura portuguesa no MNAC(...), 1927, 5, cor; Lisboa, s.d. (c. 1936), 2, p.b.; BRAGANÇA, s.d. (c. 1936), 9 – 10; PAMPLONA, 1943, 64, p.b.; Arte/Boletim da Sociedade Nacional de Belas-Artes, 1951, 12, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. I; Lisboa.
Alfredo de Andrade exibe uma pintura ao “natural”, como o grupo da geração romântica, apesar de estética e fisicamente dele afastado. Por vezes, o autor pretende transmitir emoções ou sensações, um estado de alma romântico, inscrito numa quietude de natureza algo fantasmática ou onírica. Um pântano que a luz reflecte, desvenda uma atmosfera matinal e a dramaticidade é acentuada tanto pela cor como pela contenção da figura feminina. A pintura “ao natural” é pretexto para comunicar um novo entendimento da natureza, alheia a rigorosos ensaios formais, a painéis cenográficos, aos costumes ou ao animalismo. Esta nova tentativa de representação manifesta-se, na produção diversificada de Alfredo de Andrade, entre projectos arquitectónicos e viagens.
Em Creys de Isère, altura em que efectua esta obra, conhece Fontanesi (1861) e é influenciado por um idealismo paisagístico de romantismo tardio. Ao seu relativo despaisamento Andrade alia uma especificidade cromática e espacial, invulgar na pintura portuguesa, colocando-se isoladamente entre um romantismo de atitude e um naturalismo de quem vive intensamente um ciclo de civilização. Registe-se, curiosamente, a incerteza do título que oscila entre Uma Manhã em Creys (Exposição do Porto, 1865), Manhã (Catálogo da Academia, 1868 e 1872), Paisagem ao pôr do sol (Catálogo do Museu Nacional de Belas-Artes, 1883) e A manhã, título registado no Museu Nacional de Arte Contemporânea em 1912.

Maria Aires Silveira