Margens do Sena, Paris

, 1882

António Ramalho

Óleo sobre tela

96 × 161cm
assinado e datado
Inv. 1569
Historial
Pertenceu à colecção de Veloso Salgado e foi adquirido à filha do pintor pelo Legado Valmor em 1954.

Exposições
Lisboa, 1916, p.b.; Macau, 1986; Queluz,1989, 60; Lisboa, 2002; Lisboa, 2005.

Bibliografia
António Ramalho, 1916, p.b.; SANTOS, 1953, 539, p.b.; MACEDO, 1954, 3, p.b.; PAMPLONA, 1954, vol. III; RIO-CARVALHO, 1986, 37, cor; LAPA, 1994, 40, cor.
Obra de juventude realizada durante o pensionato do artista em Paris é uma síntese de muitos fascínios pela pintura aí admirada. Descobre-se nela um prazer matérico que se contenta com o espalhar a tinta e com o inacabado, situação a que futuras obras do artista não serão alheias. A sua originalidade reside sobretudo no facto da multiplicidade de intensidades recusar a unidade e o acabamento tradicional.
Uma diversidade de processos técnicos a enforma. Assim os barcos e os homens pressupõem uma lentidão e detalhe de execução maiores que o resto. As linhas semi-elipsoidais das arcadas da ponte transmitem-se à composição dos barcos e à própria silhueta das figuras. A ponte define uma extensa horizontalidade que o cinza do horizonte realça. No centro do quadro o mastro de um barco traça uma verticalidade que encontra continuidade na mancha branca das nuvens. A parte inferior da ponte tem arcadas opacas, aspecto curioso que revela uma certa indecisão em aprofundar o espaço. No casario, à direita, o esfregaço é sucinto e tonal, as árvores são vagas e indefinidas contrariamente ao outro extremo onde estas revelam tonalidades de diferente sentido.

Pedro Lapa