Inês de Castro pressentindo os assassinos

, 1855

Francisco Metrass

Óleo sobre tela

229 × 163 cm
assinado e datado
Inv. 140
Historial
Pertenceu às colecções do rei D. Fernando II (1816 – 1885). Integrado no MNAC em 1912.

Exposições
Paris, 1855, 1668; Lisboa, 1856; Porto, 1880; Lisboa, 1972, 11, p.b.; Lisboa, 1979, 13, p.b.; Caldas da Rainha, 1994, 33, cor; Porto, 1999, 106, cor; Lisboa, 2002.

Bibliografia
LUCENA, 1943, 47; PAMPLONA, 1943, 52; COUTINHO, 1946; MACEDO, 1949, 12, p.b.; MACEDO, 1952, 10; PAMPLONA, 1954, vol. III; MACEDO, 1961, 110; FRANÇA, 1967, vol. I, 276; Camões nas colecções do Museu, 1972, 31, p.b.; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 276; A Criança nas colecções do Museu, 1979, 27, p.b.; MARÍN, 1989; Imagens da Família na Arte: 1801 – 1992, 1994, 105, cor; SILVEIRA, 1994, 95, cor; Porto, 1999, 327, cor; FALCÃO, 2003, 76.
O ‘caso’ de Inês de Castro atraiu, desde o séc. XVI, artistas e escritores (Garcia de Resende, Cancioneiro Geral, 1516). Os jovens românticos, fascinados por essa história medieval de amor irresistível, de crueza do poder face ao indivíduo, de coroação final de uma paixão e por todo o seu envolvimento fúnebre, exploram a realidade lendária, tomando como fonte histórico-literária Os Lusíadas, aliando ao tema o imaginário camoniano, preferência do romantismo português.
A paixão, a dor e a morte que envolvem este facto histórico cativaram o espírito melodramático de Metrass, provavelmente influenciado por Paul Delaroche (Enfants d’Edouard). Um desfecho infeliz surge como epílogo de uma história de amor entre o Rei D. Pedro e a aia da Rainha, “(...) linda Inês posta em sossego”. A mulher, aterrorizada e pressentindo os assassinos, introduz o duplo pretexto de uma adesão mítica ao medievalismo e à gesta camoniana. É o momento em que “Para o céu cristalino alevantando, com lágrimas os olhos piedosos (...), se abraça aos filhos”. Este apelo dramático transforma-se na tela em sentimentalismo teatralizado, característico da pintura de história portuguesa.
Numa tela de grandes dimensões, Inês surge em tamanho natural, com uma torção de rosto em esgar doloroso, impondo a sua presença ao espectador. No entanto, as intenções icónicas são traídas pela insuficiência das soluções artísticas, que perdem em grandiosidade histórica para introduzir a naturalidade de uma cena de quotidiano.

Maria Aires Silveira