No terrasse do café des Plaires

, 1920–30

António Soares

Óleo sobre tela

33 × 36 cm
assinado
Inv. 654
Historial
Adquirido pelo Estado em 1931.

Exposições
Coimbra, 1958, 25; Guimarães, 1958, 25; Porto, 1958, 25; Queluz, 1989, 98; Castelo Branco, 2001, 5, cor; Lisboa, 2006.

Bibliografia
Exposição Itinerante de Algumas Obras (…), 1958, 25; TANNOCK, 1978, 176, p.b.; MNAC: Colecção de Pintura Portuguesa (1842-1979), 1989, 98; SILVA (et al.), 1994, 129, cor; SANTOS, 2001, 47, cor.
Pintura da primeira fase da obra do artista, impõe com grande espontaneidade os valores modernos a par da mundanidade cosmopolita e estilizada do ambiente francês da época. Entre estes dois limites joga-se o melhor da obra de António Soares. A cor é ácida, sobretudo nos verdes, dada por planos abstractos que tornam o fundo participante. A planificação da figura é absoluta e recusa a definição de contorno deixando transparecer sob o arrastamento do pincel o cru da tela. Ao sintetismo com que é apontada a rapariga sobrepõem-se alguns detalhes que a caracterizam dentro do gosto dos anos 20: o chapéu de aba curta revirada, o cabelo à garçonnette, a écharpe e o vestido negro decotado, ou o cigarro na boca finamente delineada num rosto anónimo, recusa o retrato e sobrepõe-lhe o estilo vamp do manequim como identidade. O braço, que apoia na mesa e segura a chávena, não está isento de uma certa ironia que o artista praticou e expôs nas Exposições dos Humoristas. É então no quadro deste entendimento frívolo e enquanto estilo, servido por uma delicadíssima sensibilidade, que o Modernismo da cena é assimilado ao voluptuoso «espírito da época» e nele se detém.

Pedro Lapa