Evocação de Lisboa
, 1949
Francis Smith
Óleo sobre tela
61 × 50 cm
61 × 50 cm
assinado
Inv. 1585
Historial
Adquirido ao artista, em 1954.
Exposições
São Paulo, 1953, 91; Lisboa, 1971; Lisboa, 2006.
Bibliografia
II Bienal do Museu de Arte Moderna (…), 1953, 91; MENDES, 1962, 1, cor; TANNOCK, 1978, 132, p.b.
Adquirido ao artista, em 1954.
Exposições
São Paulo, 1953, 91; Lisboa, 1971; Lisboa, 2006.
Bibliografia
II Bienal do Museu de Arte Moderna (…), 1953, 91; MENDES, 1962, 1, cor; TANNOCK, 1978, 132, p.b.
Um bairro popular de Lisboa é evocado nesta pintura a partir de recordações idílicas da cidade. Representada desde inícios do século XX nas suas exposições parisienses, estes espaços citadinos revelam a nostalgia do seu olhar através de uma galeria serial que foca aspectos bairristas lisboetas. Os enquadramentos ajustam-se aos cenários sentimentais das suas memórias juvenis e à figura paterna, frequentemente evocada nas suas pinturas, de fato preto e pequeno chapéu. A arquitectura da cidade, semelhante ao longo da sua produção, uniformizada em amarelos, identifica Lisboa e uma afectiva vivência de bairro onde se destacam as varinas e pequenas figuras esboçadas, em pinceladas breves, como miniaturas sem rosto, enumeradas por uma carga dramática, solvida na ausência e distância destes quotidianos gravados com saudade. Nesta pintura, o grupo de varinas situase num bairro histórico, provavelmente o Castelo, ponto alto de uma das colinas de Lisboa, e a volumetria descensional dos edifícios projecta-se até ao rio, pontuado de embarcações. Uma luz de entardecer sublinha esta tensão emocional, enquadrada pela folhagem de uma árvore e que introduz o fundo-cenário ribeirinho, rematado pelo registo das colinas e do casario da outra banda. A sua linguagem modernista mantém-se desde a sua participação na Exposição Livre, em 1911, ainda em Lisboa, e explora a linha simplificada, a pureza do traço e uma ambiguidade existencial que presenteia de reminiscências uma realidade urbana específica, mediatizada pelo sentido imaterial de uma verdade imaginária.
Maria Aires Silveira
Maria Aires Silveira