O38–53/68

, 1953-1968

Fernando Lanhas

Óleo sobre tela

60 × 60 cm
Inv.
Historial
Depositado por Fernando Guedes e João Miguel de Magalhães Guedes em 2009.

Exposições
Lisboa, 1953, 20; Estoril, 1986, capa, cor; Macau, 1987, s.p., cor; Beja, 1992, 176, cor; Lisboa, 1993, 176, cor; Porto, 2001, 73, cor; Lisboa, 2009.

Bibliografia
Exposição de Arte Abstracta de Fernando Lanhas, 20; I Salão Nacional de Arquitectos/Artistas, 1986; GONÇALVES, 1986, 59, cor; GONÇALVES, 1986, 116, cor; PINHARANDA, 1986, 17, p.b.; Os Anos 40 a 60 na Pintura Portuguesa, 1987, s.p., cor; GUEDES, 1988, 47, cor; Arte Portuguesa nos Anos 50, 1992, 174, 176, cor; Fernando Lanhas, 2001, 73, 230, 248-249, cor; Figuração e Abstracção nas Colecções (…), 2002, 43-44, cor.

O projecto inicial desta obra surge em 1950, quando Fernando Lanhas criou uma colagem para servir de capa do livro O Poeta, da autoria do amigo Fernando Guedes. Três anos depois, em 1953, o mesmo projecto artístico é concretizado em óleo com a designação O15–53. Contudo, problemas de conservação levaram a que a pintura de 1953 acabasse destruída e substituída, em 1968, por um novo óleo que refez o projecto com o título O38–53/68. O desconhecimento do desaparecimento do O15–53 e respectiva substituição fidedigna pelo O38–53/68 tem gerado equívocos e a obra tem sido indevidamente intitulada de O15–53. Três momentos de uma obra que se afirma fundamental no percurso de Fernando Lanhas, pela sua qualidade e pureza. Criada nos moldes abstraccionistas que caracterizam a fase pictórica desenvolvida nos anos 50, esta obra apresenta um apuro formal e uma depuração cromática integrada num sistema gramatical com referentes geométricos que evidencia uma interpretação cósmica do espaço. O fundo apresenta-se liso, monocromático, um vazio branco rasgado por linhas de um azul intenso, rectas ou segmentos de recta, que se encontram e cruzam, com espessura marcante mas de afirmada elegância. A trama simples, em plano aproximado, tem por eixo duas rectas, uma vertical a dois terços da obra, à direita, e outra oblíqua que parte do canto inferior esquerdo, ambas fundem-se num vértice anguloso que toca na margem superior da pintura e lhe confere verticalidade. Estabelecido um eixo de fuga, a par de uma provocação face aos limites do suporte, é notório o impulso para uma evasão das formas. A forma triangular que o encontro das duas rectas desenha é cortada por uma outra linha horizontal à qual se junta um segmento de recta, surgem assim novas formas geométricas que dividem o plano da obra e suscitam uma dinâmica compositiva.

Adelaide Ginga