Ossos (7)

, 1993

Julião Sarmento

Acrílico sobre tela

98 × 71 cm
assinado e datado
Inv.
Historial
Colecção particular em depósito no MNAC-MC.

Exposições
Madrid/ Lisboa, 1999, s.n.º, cor; Lisboa, 2003, s.n.º; Lisboa, 2008; Lisboa, 2008.

Bibliografia
LINGWOOD, 1999, s.p., cor; LAPA, 2003; PINHARANDA, 2003, 16.
Integrada na fase Pinturas Brancas, Julião Sarmento desenvolveu a série Ossos, à qual pertence esta obra. O título mantém a relação com o corpo humano, mas em vez de linhas suaves que desvendam contornos soltos de partes do corpo, num processo de desmaterialização do figurativo, aqui a desmaterialização é assumida através de um fragmento único de contornos fechados, preenchido a negro. Sobre o fundo aberto, branco e texturado, surge um elemento vertical centrado no suporte, que se afirma em total protagonismo no centro da tela. A imagem facilmente nos evoca, num primeiro momento, uma árvore despida, composta por um tronco com três ramos. No entanto, o título obriga-nos a estabelecer outras afinidades figurativas, e remete-nos para analogias entre significantes: do tronco da anatomia humana, com os seus membros e articulações, que nos dão a estrutura, ao possível tronco cerebral do sistema nervoso e o nervo trigémio, que nos controla a sensibilidade, ou ainda, aos troncos da artéria pulmonar ou da aorta, que nos gerem o sistema circulatório e a vida. Neste caso, a relação com o corpo estabelece-se não com o seu exterior, a pele, mas com o interior. Metamorfoses possíveis quando a imagem, estilizada e enigmática, transporta o conceito concreto para a abstracção do imaginário face ao verbo transitivo “encarnar”.

Adelaide Ginga
 

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