Este engenho mecânico, portátil e funcional, recria um sistema ecológico e operacional de cultivo, recoleição e confeção de feijões. As suas raízes, assentes sobre lã de rocha, dispensam a terra, eliminando assim o ciclo cultura/ natureza, e, metaforicamente, também a sua separacção da mobilidade da vida contemporânea. A noção de lugar dilui-se na contínua transfiguracção dos espaços, e, ao abandonar a noção oitocentista de especificidade do natural, o artista elabora um novo entendimento da obra de arte estruturado em proposições decorrentes da função do objecto. Miguel Palma procura articular o entendimento da natureza com outros indicativos, promovendo processos interventivos no sentido de criticar métodos científicos de anulacção ou afastamento do natural.

Pedro Lapa