A ambiguidade significante da palavra “sol” é o tema central desta obra vídeo, em que o artista explora a polissemia semântica da palavra, da sua imagética e sonoridade. Visualmente é simulada a projeção do astro sol em toda a sua luminescência e carga cosmológica, acompanhada duma banda sonora eletrónica, criada originalmente para a peça, pelo agrupamento l@n., em que todas as notas “sol” foram suprimidas. É a banda sonora que dita o ritmo e a montagem das imagens, já que cada vez que a nota sol surge interrompida, a imagem reflete essa ausência através dum frame negro, interrompendo-se também a sequência imagética solar. O ritmo e a sequência das imagens solares são assim acompanhados por uma banda sonora em que a escala sol está ausente, interferindo na montagem das imagens, surgindo um interregno de projeção negro cada vez que a nota sol é suprimida da banda sonora. Desta forma, o artista glosa com a ambiguidade linguística para criar um guião visual e sonoro que potencia o paradoxo dos significados.

Emília Tavares