Adão e Eva

, 1922-23

Francisco Franco

Gesso patinado

34 × 21 × 9,5 cm
Inv. 1321-A
Historial
Transferido da Academia Nacional de Belas-Artes para o MNAC, em 1947.

Exposições
Lisboa, 1923, 164; Lisboa, 1966, 27.

Bibliografia
5 Independentes, 1923, 164; MACEDO, 1956, 11; Exposição Retrospectiva (…), 1966, 27; SILVA (et al.), 1994, 176, cor; ALMEIDA-MATOS, 1998, 15, cor; NUNES, 2005, 310.
Este alto-relevo foi também executado durante o pensionato do artista em Paris. Os valores da composição têm aqui uma presença mais evidente e a tal facto não será alheio um certo esquematismo em forma de K profundamente expressivo. Assim a cabeça feminina esconde-se exibindo apenas um vago perfil com uma cabeleira envolvente, enquanto que o rosto masculino se ergue e, assim, sobressai, não isento de uma memória de Bourdelle. Em torno das cabeças os braços femininos sugerem um anel dúctil. Os corpos, sobretudo o masculino, quase não são modelados mas talhados no barro por planos, recusando frontalmente o pormenor ou a descrição naturalista. O corpo feminino apresenta-se como um tronco pendendo langorosamente sobre o corpo masculino, que flecte uma perna para sustentar aquele, enquanto que o braço ou a outra perna retesados pronunciam uma tensão vertical que sustém toda a composição. A maçã que o braço masculino esconde atrás das costas é apenas indicada e só perceptível como tal no contexto, funcionando assim como o ponto de tensão a partir do qual se desenvolve toda a composição. Infelizmente a reduzida dimensão da peça relega-a mais para um campo experimental de uma fase cimeira da obra do artista do que para um programa com continuidade, certamente mais consentâneo com a modernidade do que a estatuária que o artista viria a desenvolver.

Pedro Lapa