Na segunda metade dos anos 60, José Escada inicia as suas séries de relevos recortados em papel e, posteriormente, em plástico. Ao jogo de simetrias possibilitado pelas dobras do material acresce a vitalidade orgânica das figuras híbridas recortadas, distanciadas do plano fundeiro de suporte e geradoras de um espaço físico independente. Esse espaço é, por um lado, individual e circunscrito a reservas delimitadas e, por outro, de segundo grau e organizado como se de um puzzle se tratasse. À sucessão de planos correspondem outros tantos espaços, mutáveis na sua estrutura na medida em que o observador, consoante o ponto onde se encontra, perceciona as formas de maneira variável, numa experiência percetiva que se diria física. Por outro lado, o título inusitado da obra amplia o seu campo cognitivo, acrescendo-o de uma vertente algo humorística.

Rui Afonso Santos