Mártir do fanatismo
, c. 1895
José de Brito
Óleo sobre tela
239 × 295 cm
239 × 295 cm
assinado
Inv. 1
Historial
Adquirido pelo Legado Valmor ao autor, para a Academia de Belas-Artes, em 1906 – 07. Integrado no MNAC em 1911.
Exposições
Porto, 1896; Lisboa, 1898, 15, p.b.; Paris, 1900, 24; Lisboa, 1913, 1; Lisboa, 2000, 172, cor; Lisboa, 2002.
Bibliografia
ARTHUR, 1896, 113; O Occidente, 1898, p.b.; Catalogo illustrado da Exposição extraordinaria commemorativa do 4º centenario do descobrimento do caminho maritimo da Índia, 1898, 15, p.b.; ARTHUR, 1903, 231; BRAGANÇA, s.d. (c. 1936), 12; PAMPLONA, 1954, vol. I; MACIEL, 1956, 16; GUSMÃO, 1956, 21; LOPES, 1956, 12; Um século de pintura e escultura portuguesas, 1965, i, cor; FRANÇA, 1967, vol. II, 51, p.b.; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 67, cor; MATIAS, 1986, 88, cor; FRANÇA e COSTA, 1988, 46, p.b.; SILVEIRA, 1994, 99 p.b.; SILVA, 1995, 348; POUSADA, 1996, 12 – 14 e 91; FRANÇA, 1999, 31;RODRIGUES, 2000, 198; Portugal 1900, 2000, 481, cor.
Adquirido pelo Legado Valmor ao autor, para a Academia de Belas-Artes, em 1906 – 07. Integrado no MNAC em 1911.
Exposições
Porto, 1896; Lisboa, 1898, 15, p.b.; Paris, 1900, 24; Lisboa, 1913, 1; Lisboa, 2000, 172, cor; Lisboa, 2002.
Bibliografia
ARTHUR, 1896, 113; O Occidente, 1898, p.b.; Catalogo illustrado da Exposição extraordinaria commemorativa do 4º centenario do descobrimento do caminho maritimo da Índia, 1898, 15, p.b.; ARTHUR, 1903, 231; BRAGANÇA, s.d. (c. 1936), 12; PAMPLONA, 1954, vol. I; MACIEL, 1956, 16; GUSMÃO, 1956, 21; LOPES, 1956, 12; Um século de pintura e escultura portuguesas, 1965, i, cor; FRANÇA, 1967, vol. II, 51, p.b.; Dicionário da Pintura Universal: Pintura Portuguesa, 1973, vol. 3, 67, cor; MATIAS, 1986, 88, cor; FRANÇA e COSTA, 1988, 46, p.b.; SILVEIRA, 1994, 99 p.b.; SILVA, 1995, 348; POUSADA, 1996, 12 – 14 e 91; FRANÇA, 1999, 31;RODRIGUES, 2000, 198; Portugal 1900, 2000, 481, cor.
José de Brito pretende evocar, nesta obra, o terror da Inquisição, provocando “uma tremura em todo o corpo” afirmava Rui Almedina, crítico do Porto, quando deparou com a tela. A composição organiza-se em duas diagonais que se cruzam – três homens de negro e a vulnerabilidade de um corpo feminino nu. Iluminado por um foco de luz, a sua nudez articula-se, metaforicamente, com a de Cristo na cruz, frente à personagem. Projectadas pela luz da janela na parede de fundo, surgem alucinações da mártir, em claras alusões aos antigos cristãos nos circos romanos, devorados por leões, como se de um ecrã se tratasse, referenciando a novidade da lanterna mágica ou as mais recentes experiências cinematográficas.
Executada em Paris e reproduzida na Ilustration Française, a composição histórica é pretexto para uma pintura de nu erótico-dramática, invulgar em Portugal e resultado de uma permanência de onze anos em França. Organizada em contrastes de sombras, referência a uma memória tenebrista ou a uma estética columbanesca, alguns aspectos da descrição realista diluem-se na face pouco dorida da rapariga ou nos rostos imprecisos dos inquisidores, revelando um espírito anti-clerical, próprio de uma cultura de fim de século e anunciadora de valores republicanos.
Podem ainda sugerir-se conexões com Gustave Courbet (L’Atelier du peintre, 1855) ou Edouard Manet (Déjeuner sur l’herbe, 1863), na marcação do contraste nu/vestido, branco/negro, expedientes plásticos transmutados numa vasta composição de convencionalismo académico onde alguma intenção simbólica se dilui em soluções prosaicas, omitindo as propostas estéticas dos dois artistas franceses.
Maria Aires Silveira
Executada em Paris e reproduzida na Ilustration Française, a composição histórica é pretexto para uma pintura de nu erótico-dramática, invulgar em Portugal e resultado de uma permanência de onze anos em França. Organizada em contrastes de sombras, referência a uma memória tenebrista ou a uma estética columbanesca, alguns aspectos da descrição realista diluem-se na face pouco dorida da rapariga ou nos rostos imprecisos dos inquisidores, revelando um espírito anti-clerical, próprio de uma cultura de fim de século e anunciadora de valores republicanos.
Podem ainda sugerir-se conexões com Gustave Courbet (L’Atelier du peintre, 1855) ou Edouard Manet (Déjeuner sur l’herbe, 1863), na marcação do contraste nu/vestido, branco/negro, expedientes plásticos transmutados numa vasta composição de convencionalismo académico onde alguma intenção simbólica se dilui em soluções prosaicas, omitindo as propostas estéticas dos dois artistas franceses.
Maria Aires Silveira