A linguagem

, 1948

Alexandre O’Neill

Tinta-da-china sobre papel

64,5 × 49,5 cm
Inv. 2375
Historial
Doação de Maria de Jesus e João Rendeiro em 2000.

Exposições
Lisboa, 1949, 8; Lisboa, 1982, 39, p.b.; Paris, 1989, s.p.; Lisboa, 1997, 54, cor; Santa Maria da Feira, 1998; Badajoz, 2001, 77, cor; Lisboa, 2001, 77, cor; Vila Nova de Famalicão, 2001, 77, cor; Madrid, 2002, 77, cor; Castelo Branco, 2002, 57, cor; São Paulo, 2003, 119, cor; Lisboa, 2006; Lisboa, 2008; Lisboa, 2009.

Bibliografia
Primeira Exposição Surrealista, 1949, 8; FRANÇA, 1966, 28, p.b.; FRANÇA, 1974, 381, p.b.; Os Anos 40 na Arte Portuguesa, 1982, vol. 1, 39, p.b.; idem, vol. 2, 1982, 39, 40-41, p.b.; Peinture portugaise contemporaine dans (…), 1989, s.p.; Colecção José-Augusto França, 1997, 54, cor; O Surrealismo em Portugal nos Anos 50 (…), 1998; GONÇALVES, s.d., 162, cor; FRANÇA, 2000, 105, p.b.; Surrealismo em Portugal 1934-1952, 2001, 77, cor; GINGA CHEN, 2001, capa, cor; SANTOS, Da Escultura à Colagem (…), 2002, 32-33, 57, cor.


Das cinco obras que Alexandre O’Neill apresentou na Primeira Exposição Surrealista de 1949, apenas restou esta peça fundamental. A lição de Max Ernst avulta nela, na colagem de elementos díspares recortados de gravuras dos inícios do século, suficientemente distanciadas no tempo para adquirirem uma conotação anacrónica. Recortados, montados e colados e, assim, descontextualizados, estes fragmentos da realidade provocam a estranheza do observador e revelam novas relações, recorrendo-se aqui da unificação gráfica estabelecida através da utilização de veios de tinta-da-china que se prolongam por filamentos automaticamente dispostos. A tinta ainda fresca é depois soprada, introduzindo o acaso e o aleatório na composição. À dimensão do quotidiano (candeeiros de iluminação e cabine telefónica) alia-se o curioso (elementos de ortopedia), adquirindo estes elementos uma vida própria e um novo sentido onde releva o incerto da mancha informe, numa espécie de pseudonarrativa.

Raquel Henriques da Silva