«Substituir o microcosmos reprimido pelo macrocosmos intangível» era, em palavras de Nicolás Calas, a necessidade que guiava o trabalho de Roberto Matta, principal referência que orienta parte da produção de Jorge de Oliveira nestes anos, e da qual Expectante, constitui um excelente exemplo. As memórias da paisagem subjazem ainda a essa nova projecção espacial, feita valores atmosféricos. À profundidade mais canónica, originada pela diminuição de escalas e intensidade cromática das formas verticais que se erguem no plano paisagístico de fundo, é acrescentado um trabalho gestual de pinceladas elípticas. Estas sobrepõem-se ou entrelaçam-se, flutuando num espaço indefinido e complexificando o entendimento espacial da composição, em correspondência com as «paisagens» ou «morfologias» de espaços «interiores» ou «psicológicos» de parte da produção artística internacional destes anos.

Maria Jesús Ávila