Busto do pintor Manuel Jardim

, 1921

Francisco Franco

Bronze
44 × 32,5 × 26 cm
assinado e datado
Inv. 573-A
Historial
Fundição financiada pelo Estado em 1924, a partir do original, em gesso, pertencente à Academia Nacional de Belas-Artes.

Exposições
Paris, 1922; Lisboa, 1923, 119; Lisboa, 1937; Lisboa, 1966, 18, p.b.; Bruxelas, 1967, 22; Madrid, 1967, 22; Paris, 1967, 22; Coimbra, 1984; Frankfurt, 1997, 58, cor; Lisboa, 1997, 58, cor.

Bibliografia
5 Independentes, 1923, 119; BRAGANÇA, [1936], 23, p.b.; VILHENA, 1948, 220, p.b.; MACEDO, 1953, 6; Arte, 1955, 9, p.b; Algumas Obras do Museu Nacional (…), 1956, s.n.º, p.b.; MACEDO, 1956, 2, p.b.; DUARTE, 1966, s.n.º, p.b.; Exposição Retrospectiva (…), 1966, 18, p.b.; Art portugais: peinture et sculpture (…), 1967, 22; FRANÇA, 1974, 183, p.b.; FRANÇA, 1981, 104, p.b.; SILVA (et al.), 1994, 173, cor; SILVA , 1995, 391; «Do isolamento: arte portuguesa (…)», 1997, 47; HENRIQUES, 1997, 58, cor; «Francisco Franco», 1998, 61; FRANÇA, 1999, 61; SANTOS, Da Escultura à Colagem (…), 2002, 14, p.b.; NUNES, 2005, 310; FIGUREIREDO, 2005, 28.




O Busto do pintor Manuel Jardim será a escultura mais significativa do primeiro ano em Paris de Francisco Franco e, sem dúvida, uma das peças inaugurais do Modernismo escultórico português. Tal como o Busto de polaca, é ainda realizado dentro de uma poética rodiniana, todavia mais liberto dos constrangimentos académicos daquele, desenvolvendo-a até consequências extremas. Daqui por diante a escultura de Franco enveredará por outro entendimento mais classicizante. As protuberâncias ósseas do nariz, das maçãs do rosto ou das arcadas supraciliares evidenciam uma estrutura interior estática e condicionadora que rompe a superfície e cria em certos pontos uma tensão com a estrutura muscular, apresentando momentos de maior contracção, como é o caso do lábio superior, ou de maior distensão no pescoço extremamente alongado. Esta tensão entre a estrutura óssea e a orgânica impõe uma deformação expressionista que questiona a relação da organicidade com a verticalidade imposta, afastando-se assim do corpo naturalista até então presente na escultura de Franco. A forma oval e achatada da cabeça prolonga e enfatiza o perfil expressivo e patético de boca entreaberta e contribui para estreitar o rosto e melhor o submeter a uma verticalidade transfigurada. As esculturas seguintes abandonariam esta pesquisa que foi sem dúvida um momento cimeiro na obra do artista. A sua radicalidade permanecerá assim como um momento de excepção.

Pedro Lapa