Guilherme Santa-Rita

Lisboa , 1889 Lisboa , 1918

Obscura permanece ainda a trajectória artística de Santa-Rita. Formado na Escola de Belas-Artes de Lisboa, parte para Paris em 1910, só regressando em 1914, forçado pelo início da Grande Guerra. Deste período desconhece-se ao certo a sua produção, os seus contactos e as suas actividades artísticas. Para além de Cabeça, de cerca de 1912, existente na colecção do MNAC – Museu do Chiado, só quatro colagens e quatro pinturas reproduzidas no n.º 2 da revista Orpheu e no único número editado da revista Portugal Futurista, respectivamente, nos proporcionam pistas sobre a sua obra. Mas dúvidas de atribuição ensombram a radicalidade destes trabalhos. Desde que se estabeleceu em Lisboa, desempenhou um importante papel como agitador artístico, provocador e impulsionador de alguns acontecimentos e publicações determinantes para a introdução do Futurismo em Portugal, entre eles, as revistas referidas ou a escandalosa sessão futurista que teve lugar no Teatro República, em 1917. Mas também nada se conhece da obra realizada por Santa-Rita entre o regresso de Paris e o seu falecimento em 1918, por, segundo se diz, ter sido destruída pela família após a sua morte, a pedido do próprio artista. Aspecto que tem contribuído para alimentar a lenda que paira em torno da vida e da obra desta personagem controversa, que inspirou uma personagem de Sá-Carneiro, na obra A Confissão de Lúcio.

Maria Jesús Ávila