Sala SONAE
entrada: Condições GeraisHotel Globo
SALA SONAE
Mónica de Miranda
Entrada livre
Os Hóspedes do Globo: (Des-)Mapeando a Memória da Cidade Vertical com a Horizontalidade do Corpo
Esta conferência examinará a relevância estética, ética e política da qualidade performativa e retratística da obra videográfica e fotográfica de Mónica de Miranda. Atentarei na forma como corpos – nomeadamente o corpo da própria artista, mas também o de colaboradores – habitam, quer deslocando-se, quer imobilizando-se, no espaço poroso, aberto pela possibilidade de passagem, metafórica e real, contida em ‘janelas’, ‘corredores’, ‘escadarias’ e ‘elevadores’, entre interior e exterior, arquitectura e paisagem, tanto física como emocional. As performances para a câmara de Mónica de Miranda constituem narrativas visuais e sonoras, não lineares e de pendor contemplativo, onde memória e desejo, autobiografia e ficção se entrelaçam. Em Hotel Globo, os hóspedes diaspóricos dos espaços intersticiais de Miranda são igualmente passageiros entre vários tempos e momentos históricos de Luanda, cidade a cuja crescente verticalidade arquitectónica, parecendo conter um desejo de apagamento de história e de memória, se contrapõe a lassidão horizontal não só dos navios utópicos do tempo da Guerra Fria, tombados na baía, mas também dos corpos deitados nos quartos do hotel modernista do período colonial, onde velhas formas de ocupação deram lugar a uma dinâmica de convivialidade artística.
Ana Balona de Oliveira (PhD, Courtauld Institute of Art, University of London, 2012) é Investigadora de Pós-doutoramento no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa e no Instituto de História de Arte da Universidade Nova de Lisboa, e Professora Assistente no Courtauld Institute of Art, Universidade de Londres, onde defendeu a sua tese de doutoramento sobre a obra da artista portuguesa e sul-africana Ângela Ferreira (Maputo, Moçambique, 1958) e noções de deslocação, hibridez e ‘unhomeliness’. A sua investigação actual centra-se em narrativas de império, anti- e pós-colonialismo, migração e globalização na arte contemporânea de espaços ‘lusófonos’ e outros. Recebeu bolsas de doutoramento e de pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT, Portugal). Leccionou em várias instituições no Reino Unido e em Portugal e publicou na Third Text, Mute, Fillip, Aniki, entre outras. Coordena a linha de investigação ‘Visual Culture, Migration and Globalization’ no Centro de Estudos Comparatistas (CEC-CITCOM-Dislocating Europe) e é membro do grupo ‘Contemporary Art Studies’ no Instituto de História de Arte (IHA-CASt). É também curadora independente, tendo recentemente comissariado a exposição individual ‘Ângela Ferreira: Monuments in Reverse’, no Centro para os Assuntos de Arte e Arquitectura em Guimarães, Portugal.
Dia 17 de setembro às 18h00 no MNAC - Museu do Chiado.
Carlos Garrido Castellano trabalha como Póst-doc da FCT no Centro de Estudos Comparatistas da Universidade de Lisboa. Os seus interesses de investigação centram-se na cultura visual, nas políticas curatoriais e na arte contemporânea nos contextos atlânticos pós-coloniais. Tem pesquisa de campo de longa duração realizada em países como Índia, Sérvia, Jamaica, Cuba, República Dominicana, Martinica, Guadalupe, Trinidad e Tobago, Porto Rico ou Estados Unidos da América. Actualmente dirige o projeto de investigação “Comparando-Nós. Colectivismo, Emancipação, Pós-colonialidade. É autor de vários livros sobre arte contemporâneo das Caraíbas. Leccionou em várias universidades Europeias e Americanas. Comissariou exposições em vários países de América e coordenou números monográficos e conferências sobre arte contemporânea e pensamento crítico. É membro de AICA (Associação Internacional de Críticos de Arte).
Entrada livre
A arquitectura moderna em África funcionou como uma fórmula de importação. Acabou como uma arquitectura adequada: ao clima, à geografia, aos modos de vida. Uma arquitectura africana, na sua busca de universalidade.
Ana Vaz Milheiro é Professora Auxiliar, com agregação, no ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, e investigadora do DINÂMIA'CET-IUL. É licenciada (1991) e mestrada (1998) em Arquitectura, pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa. Doutorou-se em Arquitectura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo, Brasil (2004), com uma dissertação sobre a relação entre a cultura arquitectónica portuguesa e a brasileira, publicada em 2005 sob o título A Construção do Brasil – Relações com a Cultura Arquitectónica Portuguesa (Porto: FAUP Publicações). São da sua autoria mais três livros: A Minha Casa é um Avião (Lisboa: Relógio d’Água, 2007), Guiné-Bissau, 2011 (Porto: Circo de Ideias – Associação Cultural, DG-Artes, 2012) e Nos Trópicos sem Le Corbusier, arquitectura luso-africana no Estado Novo (Lisboa: Relógio d’Água, 2012), premiado pela AICA/Fundação Carmona e Costa na categoria de Crítica e Ensaística de Arte e Arquitectura. Crítica de Arquitectura no Jornal Público desde 1995, foi também directora adjunta do JA - Jornal Arquitectos por duas vezes (2000-2004 e 2009-2012). Investigadora Principal de dois projectos de investigação sobre arquitectura e planeamento urbano nos países africanos lusófonos, financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia: “Os Gabinetes Coloniais de Urbanização: Cultura e Prática Arquitectónica“ (2010-2013, ref. PTDC/AUR-AQI/104964/2008), e “Habitações para o Maior Número: Lisboa, Luanda e Macau” (2013-2015, ref. PTDC/ATP-AQI/3707/2012). Os resultados da primeira investigação foram apresentados ao público na exposição "África: Visões do Gabinete de Urbanização Colonial (1944-1974)", realizada em 2013-2014 no Centro Cultural de Belém. Tem apresentado e publicado resultados da sua investigação em várias conferências internacionais (Docomomo, EAHN, ECAS, etc.).