O novo Extinção, de Salomé Lamas, vai ao museu

O filme rodado na Transnístria vai ser uma vídeo-instalação do Museu do Chiado, em Lisboa, entre 21 de Setembro e 25 de Novembro.

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A obra já foi mostrada por vários festivais
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A obra já foi mostrada por vários festivais

Em 2014, em plena anexação da Crimeia pela Rússia, Salomé Lamas, a autora de documentários como Terra de Ninguém, ou Eldorado XXI, começou a rodar um filme na conturbada região da Transnístria, que não é oficialmente reconhecida como um estado independente. Extinção, o filme a preto e branco que resultou dessa rodagem, que continuou em 2015 e passou também pela Roménia, a Bulgária e a Alemanha, só foi finalizado no início deste ano. A obra já foi mostrada por vários festivais, como o Festival du Réel, em França, em Maio deste ano, e teve estreia comercial limitada no Reino Unido, sendo agora exibido pela primeira vez no Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado, como uma vídeo-instalação com curadoria de Emília Tavares que dura de 21 de Setembro até 25 de Novembro. Nem só de museus vai viver Extinção em Portugal: "é possível que acabe por ter estreia comercial", afirma Salomé Lamas, adicionando que vai marcar também presença no Doclisboa.

O foco é Kolja, que nasceu na União Soviética em 1990, e é um cidadão da Transnístria que tem também passaporte russo. A realizadora descreve o filme como algo centrado em "conflitos de fronteiras" e "questões de identidade", que "parte da Transnístria para confrontar uma série de questões mais gerais que são pertinentes na Europa contemporânea".

A ideia, continua, era "reflectir sobre como é que se criaram estas fronteiras", muitas delas "falências de modelos e ideologias", como no caso das regiões que nasceram após a queda da União Soviética. "Se há um apoio russo a estes territórios, também não há um desejo de os tornar russos. Ao manterem-se, assim, num limbo é muito mais conveniente. São pequenos empecilhos, pequenos nós que ficaram. A União Soviética, quando caiu, criou uma série de desarranjos, houve uma reconfiguração da Europa de Leste e às vezes em diversos países há conflitos internos que têm que ver com um passado de séculos. O filme acaba por debater essas questões", comenta, falando também numa ideia de "guerra sem guerra" e "ocupação sem ocupação".

Além do filme, haverá também, no Museu do Chiado, conversas com nomes como Nico Marzano, o director da programação do londrino Institute of Contemporary Art (?ICA), que, avança a realizadora, "é um grande entusiasta do filme", que "foi o responsável pela distribuição no Reino Unido", e irá estar presente no próprio dia 21, às 19h, para falar sobre Extinção.